GRUPO MOSAY DE TEATRO
ENCENA A FAMOSA TRAGICOMÉDIA “APARECEU A
MARGARIDA”
PREMIO: MELHOR ATRIZ NO
FESTIVAL NACIONAL DE MONÓLOGOS DO PIAUÍ/2013
Escrita em
1974, Apareceu a Margarida
de Roberto Athayde ficou consagrada como uma alegoria da ditadura militar, com
sua personagem-título tirânica e obcecada pelo poder. Controladora, alucinada e
contraditória, dona Margarida é uma das criações femininas mais cobiçadas do
teatro nacional. Marília Pêra a interpretou em algumas montagens diferentes,
sob direção de Aderbal Freire Filho. A atual encenação fica a cargo de Avelar
Amorim, diretor do grupo Mosay de Teatro encenada por um ator e duas atrizes.
Apareceu
a Margarida não é uma peça datada, pois o autor Athayde consegue ir além dos
limites de uma época e mesmo de uma nação. O autor constrói uma imagem cênica pessoal e
original em que a metáfora do poder se encarna em Dona Margarida, professora
primária que quer educar seus alunos segundo métodos autoritários e bastante
violentos. Na crítica ao espetáculo, Yan Michalski escreve: "Dona Margarida [...] afirma
insistentemente querer o nosso bem: 'D. Margarida é uma segunda mãe para
vocês'. Mas os métodos de que ela se vale para levar-nos ao paraíso do saber e
da boa educação são tão ilógicos e neuróticos que nos sentimos dominados por
uma força cega e onipotente, contra a qual não adianta reagir - e, aliás, ela
não nos deixa a menor chance de reação. À medida que a aula progride, acabamos
mergulhando numa sensação de terror diante do processo irracional do qual
estamos sendo passivos objetos, vítimas e hipotéticos - mas
implausíveis-futuros beneficiários. [...]
Esse mergulho no terror, entretanto, é realizado
pelo autor com um senso de humor que torna a aula extremamente atraente para os
alunos-espectadores. O texto de Roberto Athayde é brilhantemente colorido e
inventivo, com achados cômicos que se atropelam um atrás do outro, alguns dos
quais de uma virulência inesperada. [...]
A atual
montagem encenada pelo grupo Mosay, conta com a interpretação da atriz Edithe
Rosa, onde a mesma esbanja latente veia cômica acoplada à indispensável fé
cênica, esta ultima inimiga de atores medíocres. A direção optou por uma
proposta que foge do convencional e do figurativo, tanto pelos adereços cênicos
quanto pelo estilo de montagem, o que torna mais prazeroso de ver o espetáculo.
Nesta montagem D. Margarida, amplamente expressionista tanto pela proposta do
texto quanto pela direção, transforma espontaneamente objetos típicos de uma sala de aula em outros do seu
mundo “margaridiano”. O espetáculo não é uma peça sobre educação e nem tampouco
sobre a solidão da personagem, apesar de esses elementos surgirem no texto; o
espetáculo é uma sátira política e social puramente estruturado com a comédia.
Outro ponto interessante da direção é a praticidade em que o espetáculo é
resolvido em vários momentos, ainda na fuga no realismo, pedaço de papelão vira
quadro negro, uma boneca vira esqueleto e assim por diante. O que ainda resta
como ambiente de sala de aula seriam as carteiras e a mesa de D. Margarida que
ela o transforma em trono, cama e cenário, isso mesmo, a mesa de Dona Margarida
é o principal cenário, repleta de seus brinquedinhos cênicos. A interpretação
da atriz vem acompanhada de boa expressão corporal e correto tempo de comédia.
O que não deixa o espetáculo arrastado. Interpretar a Margarida exige muita
responsabilidade e experiência, fica com esse desafio a atriz Edite Rosa e a
direção ousada de Avelar Amorim que também assina cenografia,figurino e
sonoplastia.
Apareceu a Margarida, é o trabalho mais
representativo do autor Roberto Athayde, e ganha inúmeras montagens no país e
no exterior, sendo encenada em mais de trinta países, e tendo como intérpretes
e diretores nomes como Annie Girardot na França, com direção de Jorge Lavelli,
1974; Anna Proclemer na Itália, direção de Giorgio Albertazzi, 1975; Estelle
Parsons nos Estados Unidos, com o próprio autor assumindo a direção, 1977; e
uma encenação na Grécia assinada por Michael Cacoyannis, 1975.
Notas
1. MICHALSKI, Yan. Jornal do Brasil,
Rio de Janeiro, 11 set. 1973. Caderno B.
2. AMORIM, Avelar, Teresina,2010.
INFORMAÇÕES: (86) 99994-5283
FICHA TÉCNICA
DIREÇÃO:
AVELAR
AMORIM
ELENCO:
EDITHE ROSA
MAQUIAGEM:
GRUPO MOSAY
ILUMINAÇÃO:
PAULO
HENRIQUE E ADALMIR MIRANDA
SONOPLASTIA:
AVELAR
AMORIM
PRODUÇÃO E FIGURINO:
AVELAR
AMORIM
FOTOGRAFIA
LIA BARRADAS,
VITOR SAMPAIO e AVELANGE AMORIM
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